Programa Olhares sobre o Brasil contemporâneo

Programa Olhares sobre o Brasil contemporâneo

Curadoria_ Cristiana Miranda e Lucas Murari

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30/SET | 19h_ Cinemateca do MAM-RJ
> Sessão seguida de conversa com Maurício Dias e Walter Riedweg

06/OUT | 18h_ CCSP

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O programa “Olhares sobre o Brasil contemporâneo” é composto por três filmes recentes realizados entre 2022 e 2023: “Aqui onde tudo acaba”, de Juce Filho e Cláudia Cárdenas; “Olho da Rua”, de Jonathas de Andrade; e “O Avesso do Céu”, de Mauricio Dias e Walter Riedweg. A razão pela qual essas obras foram agrupadas reside na forma sensível com que estabelecem uma relação de alteridade com dois grupos repetidamente oprimidos pela sociedade brasileira: os indígenas e as pessoas em situação de rua. Juntos, esses filmes não apenas desafiam as barreiras da convencionalidade cinematográfica, mas também nos instigam a contemplar sob outras perspectivas as experiências de comunidades que vivem à margem da sociedade.

Cristiana Miranda
Lucas Murari
Curadoria

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AQUI ONDE TUDO ACABA
de Duo Strangloscope. Brasil, 2023, 19’’

Sinopse_ Aqui onde tudo acaba é um curta-metragem experimental, poético que transita entre o documentário e a ficção para abordar uma cultura em extinção, a dos indígenas no Brasil. Trata-se, de modo particular, de uma partilha de saberes realizada na Aldeia Bugio, em todos os estágios de filmagens em 16mm, revelação botânica e captação sonora de modo coletivo. Busca reativar a memória das origens do povo Laklãnõ/Xokleng.

Equipe_ Realização e Produção: Duo Strangloscope | Direção: Cláudia Cárdenas e Juce Filho | Produção Executiva: Lallo Valverde Bocchino | Produção: Andrea Rosas | Fotografia: Rafael Schlichting e Ricardo Leite | Direção de Som: Rodrigo Ramos | Montagem: Rafael Schlichting | Laboratorista e Revelação Botânica: Ricardo Leite | Orientação Botânica: Nandia Patté | Digitalização Do Filme: Mono No Aware | Operação de Câmeras 16mm e Captação de Som: Acir Caile Pripra, Heuller Kae Teie Pripra, Jhenniffer Kailanny Vaicá Martins,  Ketlly Kayane Vam Pripra de Almeida, Kevyly Karyany Vaica Pripra De Almeida, Lucas Daniel Tchuvai Da Silva Indili, Martins Patte | Narradores e Protagonistas: Acir Caile Pripra Nandia Patté

Sobre x artista_ Cláudia Cárdenas (Rio de Janeiro, 1961) é uma artista audiovisual experimental que desenvolve trabalho de investigação em vídeo, filme e áudio experimental, bem como atua na criação de obras audiovisuais experimentais do Duo Strangloscope. É também idealizadora e curadora do Strangloscope – Mostra Internacional de Áudio, Vídeo/Cinema e Performance Experimental, que este ano realiza sua 14ª edição.

Cláudia e Rafael, enquanto Duo Strangloscope, realizam workshops e tutorias em residências experimentais em vídeo e filme no Brasil e no exterior para festivais ao redor do mundo. Atualmente, sua pesquisa tem se concentrado em trabalhos experimentais de videoarte, cinema expandido, performances e instalações, de diferentes naturezas e suportes.

Jucelino Filho (1995) é indígena Xokleng e estudante do último ano de Jornalismo. Tem atuação voltada para o audiovisual, tendo participado nos últimos anos de produtos jornalísticos e cinematográficos. Destaque para a produção do filme “Vãnh Gõ To Laklãnõ” e para a criação do Portal dos Saberes Laklãnõ, ambos produtos de mídia que têm como objetivo difundir a cultura e história do povo Xokleng.

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OLHO DA RUA
de Jonathas de Andrade. Brasil, 2022, 25’15’’

Sinopse_ Cem pessoas em situação de rua encenam uma festa coletiva, fazendo da praça pública um grande palco.

Equipe_ Roteiro e Direção: Jonathas de Andrade | Produção Executiva: Juliana Soares | Fotografia: Gustavo “Tijolinho” Pessoa | Montagem: Fábio da Costa Gustavo Campos | Som Direto: Joelton Ivson e Catharine Pimentel | Direção de Produção: Amanda Guimarães e Gabriela Alcântara | Edição de Som e Mixagem: Guga Rocha | Trilha Sonora: Homero Basílio

Sobre x artista_ Jonathas de Andrade nasceu em Maceió e vive em Recife. Desenvolve vídeos, fotografias e instalações a partir da produção de imagens, utilizando-se de estratégias que misturam ficção, realidade, tradição e negociação.

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O AVESSO DO CÉU
de Dias & Riedweg. Brasil, 2023, 38’22’’

Sinopse_ Filmado na Reserva do Javari, extremo oeste da Amazônia, tríplice fronteira do Brasil, Peru e Colômbia, o trabalho tem como tema a reversão da fé individual em religião, documentando a conversão atualmente praticada de forma abusiva pelas igrejas neopentecostais até mesmo com os últimos indígenas não-contatados presentes nessa região e as suas consequências severas ao meio-ambiente.

O processo é antigo e se repete por séculos. As missões religiosas chegam, já financiadas pelo extrativismo, se sucedendo em ciclos – da borracha, do ouro, dos minerais, da madeira nobre da floresta, da pesca e da caça aos índios -, sempre contra a correnteza do rio, adentrando assim a Amazônia, desestabilizando o equilíbrio natural da região e reduzindo até o extermínio a cultura dos indígenas, habitantes primeiros dessas terras.

A fé é um poder de cada indivíduo para relacionar-se com a sua existência, mas a religião surge como um elemento colonizador dessa fé, manifestando-se como um novo território e uma nova identidade coletiva. O cataclisma que se vê com a chegada dos missionários é apenas da perda de identidade e a transformação da cultura indígena em um novo contexto cristão, insalubre e miserável, que de fato beira a loucura.

Equipe_ Conceito, Realização e Edição: Dias & Riedweg | Em colaboração com: Juan Ferrari e Zaida Siqueira | Com a participação de: Wilder Pérez Ticuna – Tchü Paracü; Mercedes Sandir Jaguar – Me Chucüna; Oliver Ticuna – Tchü Paracü; Abigail Ticuna – Me Matünd; Gerson Pérez Ticuna – Taupawecã; Luis Jaguar – Jatuna; Bred Jaguar – Tchutanãcã; Esmim Ticuna – Eamacü; Dinquer Ticuna – Tchuparacü; Wilder Filho Ticuna – Tchgücü; Janílson Ticuna – Tchaguecü | Pesquisa e Pré-Produção: Dias & Riedweg e Zaida Siqueira | Câmeras de Vídeo: Maurício Dias, Walter Riedweg e Juan Ferrari | Câmeras de Fotografia: Zaida Siqueira | Câmera Subaquática: Vítor Luiz Dias Gerard | Drone: Vilomar Bispo da Silva | Edição e Pós-Produção: Dias & Riedweg, Juan Ferrari e Anna Cristina Secco

Sobre x artista_ Desde 1993, Maurício Dias (Rio de Janeiro, 1964) e Walter Riedweg (Lucerna – Suíça, 1955) trabalham juntos em projetos de arte que investigam as maneiras como psicologias privadas afetam, constroem e descontroem o espaço público, e vice-versa. Em um conjunto atual de mais de 90 obras nas quais a alteridade e percepção são questões centrais, Dias & Riedweg integraram importantes exposições internacionais como a Documenta de Kassel de 2007, e Bienais de Arte de Veneza, São Paulo, Istambul, Havana, entre outras. Suas obras estão presentes em importante coleções nacionais e internacionais: Centre Pompidou de Paris, Museo Reina Sofia Madrid, MACBA de Barcelona, MFA de Houston, Museu Migros de Zurique, Kunstmuseum Lucern, MAM da Bahia, MAM Rio, MAM São Paulo. A dupla recebeu diversos prêmios, dentre os quais destacam-se: Bolsa Zum de fotografia do Instituto Moreira Salles, Prêmio Aquisição Artes Mundi United Kingdom, Prêmio do Juri do Festival Vídeo Brasil, Guggenheim Fellowship de Nova York, A Bolsa Vitae de São Paulo e a Bolsa da Fundação Pro-Helvetia na Suíça.